VETL Entrevista: Will Tirando

19.12.15



Adivinhem quem veio para o jantar? Ops... Vamos tentar novamente. Adivinhem quem vamos entrevistar? 


WillIan Leite, cartunista do site Will Tirando! 


O que ele nos contou:

1. Quando começou seu interesse por quadrinhos?


Comecei como quase todo mundo que começa nos quadrinhos: despretensiosamente, por brincadeira. Li uma série de tiras do Cyanide & Happiness na internet. Gostei. Pensei em fazer algumas tiras com piadas que eu já conhecia – no traço simplista mesmo, assim como o do Cyanide & Happiness . Fiz algumas, publiquei nas redes sociais e o pessoal gostou. Eu continuei fazendo. Até o momento que eu já tinha dezenas de tiras. Foi quando decidi criar um lugar mais pessoal para publicar: um blog. Nesse período eu sofria muitas críticas (comum para quem está começando). Críticas principalmente pelo fato de usar um traço simplista, tão usado na época. Com o tempo fui mudando o traço, para um estilo mais próprio. Até ele chegar no que é hoje.


2.Com que idade decidiu que essa seria sua profissão?

Isso demorou mais. Foi a pouco tempo. Com uns 24 anos. Eu sempre tive medo de abandonar um "emprego de verdade" pra me dedicar aos quadrinhos. Ainda hoje não vivo exclusivamente deles. Ainda que trabalho em casa, faço ilustrações para o site Kibe Loco. Esta é a minha principal fonte de renda. O blog e seus agregados equivalem a 30% do meu orçamento.

3.Como você vê o mercado de quadrinhos nacionais?

 Vejo rolando um fenômeno interessante. O cinema (principalmente com a volta dos super-heróis que surgiram nos quadrinhos) está trazendo de volta a vontade de consumir quadrinhos. Super-heróis não é minha praia. Mas dá para se aproveitar desse momento. Não creio que essa fase dure muitas dezenas de anos. Então tem que ser esperto. É um bom momento para ganhar dinheiro.

4.Quem serviu de inspiração para a Anésia? E para a Dolores?

A Anésia foi a princípio inspirada nas minhas avós. Aliás, o nome Anésia é da minha avó materna. Mas as características fisicas e boa parte da personalidade é da minha avó paterna (esta se chama Heloisa). Claro que minhas avós não são tão grosseiras como a personagem. Mas as duas tem muito dessa coisa de não medir palavras, de ser excessivamente sincera e serem antiquadas. Já a Dolores é um misto das velhinhas que eu conheci na minha cidade natal. Em especial as vizinhas da minha avó Heloisa. Ela sempre queria agradar a minha avó. Fazia bolos, doces, queria ser sempre atenciosa.

(só pra somar, talvez... aqui eu fiz um post no Face onde eu falo da inspiração da Dolores:https://www.facebook.com/willtirando.blog/photos/a.477363422347996.1073741827.183199398431068/763323460418656/?type=1&theater)


5.Como surgiu a ideia do "Viva Intensamente"?

Todas as minhas séries (exceto o Astolfo) nasceram de uma tira despretensiosa. Na primeira tira do Viva Intensamente eu só queria mostrar que - observação minha - os cães vivem um dia de cada vez, quase sempre felizes, pois desconhecem a morte. Diferente dos humanos. Se soubessem que um dia morreriam, os cães não seriam tão divertidos. Hoje, o nome "Viva Intensamente" quase que se perdeu meio a mais de 200 tiras da série. Mas a ideia principal é esta filosofia que eu vejo nos cães, de viver intensamente.

6.Quais seus quadrinhos nacionais favoritos (tirando os seus hahaha)? Por que?

Quando li esta pergunta, estiquei o pescoço aqui, e tentei encontrar um 'favorito' no meio do monte de quadrinhos aqui no meu escritoriozinho. E não achei nenhum preferido. Eu não tenho uma série nacional preferida. Eu tenho lido de tudo. Em especial esses novos quadrinhos. Mais em especial ainda na internet. Tem surgido muito autor independente extremamente talentoso. Gente nova (nova no mercado e nova em idade também). Isso é muito bom. Entretém e inspiram.


7.Qual seu personagem favorito dos quadrinhos?

Posso falar um autor preferido? haha Ricardo Liniers (autor da série Macanudo). Ele é argentino e faz, no geral, tiras. Quando leio suas tiras (em livros ou na própria internet) eu fico pelo menos uns cinco minutos observando o traço dele. Se você conhece, verá que não é o traço mais rebuscado do mundo, mas, para mim, é muito bonito.

8.Uma tirinha inesquecível para você.

Tiras inesquecíveis, em especial de outros autores, lembro de muitas.
Mas tem esta minha, que não é bem uma tira, mas acho que é o meu quadrinho preferido. Nele eu consegui definir a série do Viva Intensamente inteira.

(vou colar só o link, pois é um quadrinho bem longo: http://ww2.willtirando.com.br/viva-intensamente-2-anos/)


9.Tem alguma história engraçada nesses anos trabalhando com quadrinhos?

Tenho uma historia com o Sidney Gusman (braço direito do Mauricio de Sousa). O Sidão é um cara muito querido, e muita gente deve ter uma historia engraçada com ele. Em 2011 o estúdio MSP estava lançando o terceiro livro em homenagem aos 50 anos de trabalho do Mauricio. Para esta (última) edição me convidaram. Acontece que nesse ano, eu não tinha nem 4 anos de trabalho. Tinha um público grande - maior que o de hoje - mas estava cru ainda - mais que hoje. Eu não sabia dessa homenagem ao Mauricio. Muito menos quem era Sidney Gusman. Eu era muito alienado. O Sidão me contatou por e-mail: "Olá, Will. Aqui é o Sidão. Preciso trocar uma ideia contigo. Algo do seu interesse". Como disse, não sabia quem era o Sidão. Joguei no Google e descobri. A principio achei que era trote, zoeira. Respondi: "Olha, não acredito que você seja você mesmo. Em todo caso aqui está meu telefone". Ele me ligou na hora, me chamando de caipira, tonto. E ainda hoje, quando eu encontro ele por aí, no eventos, ele deve me ver como o cara inseguro e bobo, que não bota fé no meu trabalho. Fico feliz que eles botem fé por mim. hehe


10.O você tem a dizer para quem pretende seguir esta carreira?

Que não crie enormes expectativas. "Viver desenhando" soa mais divertido do que de fato é. Requer muita paciência, empenho e dedicação. É um trabalho como qualquer outro. Faço quadrinhos há quase 10 anos. Não desisti até hoje (como muito que vi até aqui) porque eu sempre fiz sem muitas expectativas. Deixei acontecer. Não forcei nada. Em contrapartida não fiquei rico. E acho que é quase impossível ficar. Fico feliz em conseguir sobreviver.



E quem é esse Will?


Meu nome é Willian Leite. Sou designer gráfico, quadrinista e ilustrador. Nasci em 1986 na discreta cidade de Porecatu, no Paraná. Atualmente moro em Apucarana, ainda no Paraná.
Sou formado em Publicidade e Propaganda e pós-graduado em Design, Cognição e Mídia. O design foi até aqui o meu maior ganha pão. Mas pouco a pouco o Will Tirando vem tomando conta da minha vida.

Faço tiras desde 2007. Comecei publicando nas redes sociais da vida. Meu público era minha família e meus amigos. No ínicio as tiras tinham um estilo bem conhecido no mundo das webcomics: o stickman ou boneco palitinho. Diante de muitas críticas e da necessidade de mudança, fui adaptando meu estilo até chegar no que é hoje.



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