"Fanfic: Morte Iminente"
2.1.14
Escrita por Mockingjay
Sinopse:
"'Que a sorte esteja sempre ao seu favor' é a frase que mais ouvi
em minha vida, principalmente nesses últimos dias.
Mas é claro que a sorte não esta me favorecendo: meu amigo acaba de morrer; estou na Cornucópia, onde acontece o 'banho de sangue'; a bestante me quer como seu jantar; e as teleguiadas vão me ferroar, e algo me diz que não é só para me alucinar."
Em seus últimos segundos de vida, ela reflete sobre os recentes acontecimentos e sua morte iminente.
Mas é claro que a sorte não esta me favorecendo: meu amigo acaba de morrer; estou na Cornucópia, onde acontece o 'banho de sangue'; a bestante me quer como seu jantar; e as teleguiadas vão me ferroar, e algo me diz que não é só para me alucinar."
Em seus últimos segundos de vida, ela reflete sobre os recentes acontecimentos e sua morte iminente.
Notas:
Classificação: +13
Personagens: Suzanne Collins
Gêneros: Amizade
Avisos: Violência
Personagens: Suzanne Collins
Gêneros: Amizade
Avisos: Violência
Texto:
Corro
como se minha vida dependesse disso, e ela depende.
"Corra!", ele disse. Foi sua última palavra. Ele morreu, e eu nada
pude fazer.Bestante avança devagar, como um predador analisando a hora certa para atacar. Não, isso não deveria ser uma comparação; é exatamente isso que está acontecendo: a mutação analisando o momento para arrancar minha cabeça, assim como acabou de fazer com o tributo que agora jaz em pedaços.
Também conhecidos como teleguiadas, esses insetos, mutações, podem matar com poucas ferroadas, que são muito dolorosas.
E de que adiantaria atingir o animal? As teleguiadas me matam.
Corro,
pulando sobre pedras e troncos caídos, lembrando-me da vida deixando seus
olhos.
Os mesmos olhos azuis que conheci na colheita. Desde esse dia, nos
tornamos próximos, mesmo sabendo da nossa situação.
"Apenas
um pode sobreviver", sua voz ecoa em minha cabeça.
De repente, percebo que estou chegando à Cornucópia. Essa não era
minha intenção, mas não sabia aonde queria ir, só que precisava correr. Foi o
que ele me disse para fazer. Eu confio nele, percebi a urgência em sua voz e em
seu rosto, apesar de que estávamos longe um do outro.
Minha
mente assimilou sua palavra e fez meu corpo se mexer. Tomei sua última fala
como sua última vontade e obedeci.
"Vou
fazer tudo para mantê-la viva", ele disse no dia de treinamento anterior à
nossa ida para a arena.
"Ele
fez um bom trabalho", penso. Só estou entre os quatro sobreviventes
porque ele me ajudou.
Somos três agora; ele se foi.
Uma
lágrima escorre por minha bochecha, afastando minhas lembranças.
"O
que faço agora?", digo a mim mesma. Olho ao redor. Não sei quem matou meu
amigo, só que eu estava fugindo dele e consegui despistá-lo.
Meu
corpo cede ao cansaço e caio no chão. Não sei o que fazer. Só fico ali sentada,
abraçando meus joelhos, que ficam cada vez mais molhados com minhas lágrimas.
Não sei quanto tempo fiquei ali, mas meu cérebro percebe sons:
zumbidos e passos de alguém correndo; não só uma, mas sim mais pessoas, ou seres.
Sim,
seres. Meus olhos veem um tributo correndo, mas o que chama a atenção é do que
ele foge: um cachorro enorme e horrível - uma mutação. Não é a primeira vez que
um deles aparece nos jogos. Já os vi pela televisão de minha casa. São chamados
de bestantes. Esse é muito piores do que parecia na tv.
Ele
pula sobre o tributo, derrubando-o no chão e arrancando sua cabeça.
Um
grito sobe por minha garganta, pois estou aterrorizada.
A
mutação não havia percebido minha presença. Até agora.
Ponho-me
de pé pronta para correr, mas não o faço. Por quê?
Minha
mente recorda os sons que ouviu há pouco: passos e zumbidos. Os primeiros
pararam com a bestante, mas os zumbidos continuam.
Olho
para a direita. Um enxame de tracker jacker se aproxima.
"Que
a sorte esteja sempre ao seu favor" é a frase que mais ouvi em minha vida,
principalmente nesses últimos dias.
Mas
é claro que a sorte não esta me favorecendo: meu amigo acaba de morrer; estou
na Cornucópia, onde acontece o "banho de sangue"; a bestante me quer
como seu jantar; e as teleguiadas vão me ferroar, e algo me diz que não é só
para me alucinar.
"Por
que meus pés não se movem?" Essa é a pergunta em minha cabeça. Em algum
lugar há possíveis respostas: minha recente corrida esgotou minha energia;
estou em choque com a morte de meu amigo, ou a do tributo esquartejado;
incrédula com a minha situação. Talvez alguma dessas razões seja a certa, ou
todas elas.
Nunca pensei como minha morte seria, mas, se tivesse feito, não
diria que mutações me atacariam de ambos os lados. Isso parece cômico.
Rio
loucamente, sei que vou morrer.
A
que ponto cheguei, não? - digo em voz alta - Acho minha morte engraçada - rio
novamente.
Sei
que meu tempo acabou. Você deve sentir orgulho de mim - olho para cima, para o
céu que está claro e nublado, dirigindo-me a meu amigo, como se ele pudesse
ouvir-me - Fomos realistas e sinceros quando dissemos que não ganharíamos. Mas
vê onde cheguei? Sou a última a morrer! E que bom que vou! É melhor do que
ganhar os Jogos Vorazes e me sentir como se fosse picada por teleguiadas todos
os dias, alucinada, com inúmeros pesadelos, sem uma mente sã.
A
morte iminente brinca com minha cabeça. Não me sinto em mim.
A
bestante vem pela esquerda, as teleguiadas pela direita. Estão vindo em câmera
lenta ou a distância que nos separa é maior do que parecia? Será que tudo o que
pensei foi em segundos? Eu não sei mais nada. Em que pensar?
Percebo
que este é o erro: não devo pensar. Minha vida está no fim. Logo serei livre;
sem mais jogos, sem mais fome, miséria, sem mais pessoas com quem me preocupar,
sem mais sofrimento.
Pego-me
pensando em qual mutação me alcançará primeiro.
Então
sinto medo. Isso me atinge de forma demasiada.
Já
aceitei o que acontecerá a seguir, mas, ou serei rasgada e sangrarei até o fim,
ou perfurada dolorosamente. Não quero sofrer mais!
Com
o medo vem o pânico. Com o pouco de lucidez que me sobra, minha visão
periférica percebe um brilho à direita. Viro minha cabeça nessa direção. Lá
está uma carreirista com sua flecha apontada para a bestante.
Ela
está tentando me ajudar. Por quê? Se eu morrer, ela ganha.
Olho
para ela e percebo que entendimento a atingiu: ela sente que quero morrer e que
tenho medo da dor.
Ela
muda a direção de sua flecha para mim. Sei que me acertará em um ponto que tire
minha vida instantaneamente; ela nunca erra.
Sorrio
em agradecimento. As mutações estão quase em cima de mim.
Fecho
meus olhos e uma flecha é atirada.
0 comentários