"Borghetti é um repertório inesgotável de histórias" | Belas-Letras
28.8.15
Em breve O imenso mosaico que é Renato Borghetti
"Personalidades descomplicadas como Renato Borghetti, amado por fãs de todas as idades, admirado por artistas de todos os gêneros, respeitado por críticos regionais, nacionais e mundiais, são especialmente difíceis de biografar. Pior ainda se tiverem a fama de tímidas". O prefácio de Juarez Fonseca para o livro Esse tal de Borghettinho, lançamento deste mês da Belas-Letras, deixa claro: Renato Borghetti é uma pessoa humilde, avesso à polêmicas e escândalos. O gaiteiro deu um pontapé inicial e despretensioso aos 12 anos, em uma brincadeira, e com o passar do tempo observou seu nome transformar-se em uma sólida carreira internacional. Com cerca de 150 shows por ano, incluindo Estados Unidos e Europa, Borghetti deixou um grande legado. Segundo Fonseca, a alcunha no diminutivo e proposital: "O país inteiro o conhece assim. O diminutivo aproxima, familiariza, justificando o que disse antes sobre a popularidade carinhosa."
Entrevista: Márcio Pinheiro "Borghetti é um repertório inesgotável de histórias"
Márcio Pinheiro trata o desafio de biografar um grande nome da música como "sedutor e estimulante". Conhecedor da história da música brasileira e leitor voraz de biografias, o jornalista dedicou-se durante um ano para a construção deste grande perfil. Entre reportagens, LPs, microfilmes, CDs, mp3, vídeos e DVDs, o escritor encontrou um Borghetti bem diferente daquele pintado pela imprensa. Conversamos com Márcio Pinheiro sobre o processo de criação desta biografia. Acompanhe!
Belas-Letras: Para você, quem é esse tal de Borghettinho? Márcio Pinheiro: Um dos maiores músicos brasileiros de qualquer época. Um artista que já tem seu nome inscrito na história musical de nosso país. Afora isso, uma figura encantadora.
BL: Qual é a maior dificuldade em escrever um grande relato sobre a vida de outra pessoa que ainda está viva? Márcio: O primeiro desafio foi delimitar o espaço e os temas, até porque eu estava tratando de uma pessoa em plena atividade, com uma produção ainda muito intensa. Logo, minha maior dificuldade foi afunilar, separar o que julgava ser mais relevante e seguir uma linha de trabalho que me propus desde o começo – e que, obviamente, desobedeci.
BL: Você realizou dezenas de entrevistas para a construção do livro. Como foi esse processo e o que mais lhe surpreendeu? Márcio: Foi o fato de encontrar um personagem distante de polêmicas, de discussões inúteis, de conflitos. Uma pessoa (e um artista) que encara a vida de maneira leve, sem arestas, sem atritos, sem polêmicas. Desafio o leitor a lembrar: quando o Borghettinho esteve envolvido em escândalos, em discussões, em agressões, sejam elas artísticas, políticas, futebolísticas? Nunca. E o que é mais impressionante: a vida dele não ficou nem um pouco chata por conta disso. Ficou fascinante.
BL: Existiu alguma dificuldade no fato de compreender uma pessoa que, por muitos, é considerada bastante introvertida? Márcio: Este é um dos mitos que derrubo, explicando logo no início do livro. Renato Borghetti não é um cara fechado. É uma das pessoas mais falantes e engraçadas que conheço. Se expressa com clareza, é um grande conversador e um repertório inesgotável de histórias.
BL: Quando foi que Borghetti deixou de ser um artista local para se transformar em um grande nome internacional? Márcio: Isso não foi algo que aconteceu do dia para a noite. Foi um processo longo e demorado. Arrisco alguns palpites: a curiosidade dele em explorar novos caminhos, o talento agregador, uma agenda organizada que prevê muitos shows e – principalmente – por dois aspectos muito fortes: a alta qualidade musical e trabalho, muito trabalho.
BL: Como surgem as composições de Renato Borghetti? Márcio: O próprio Renato se considera mais um músico do que um compositor. Ele sempre gostou mais – e não esconde isso de ninguém – da tarefa ágil e dinâmica de tocar um instrumento do que do trabalho artesanal e paciencioso de compor. No primeiro disco não havia nenhuma música de sua autoria. No segundo, apenas uma. Foi só a partir do terceiro que Renato começou a compor mais. Mas se houver um método Borghettiano de compor, pode ser resumido em duas palavras: rápido e de improviso.
BL: Quando foi que Borghetti deixou de ser um artista local para se transformar em um grande nome internacional? Márcio: Isso não foi algo que aconteceu do dia para a noite. Foi um processo longo e demorado. Arrisco alguns palpites: a curiosidade dele em explorar novos caminhos, o talento agregador, uma agenda organizada que prevê muitos shows e – principalmente – por dois aspectos muito fortes: a alta qualidade musical e trabalho, muito trabalho.
BL: Como surgem as composições de Renato Borghetti? Márcio: O próprio Renato se considera mais um músico do que um compositor. Ele sempre gostou mais – e não esconde isso de ninguém – da tarefa ágil e dinâmica de tocar um instrumento do que do trabalho artesanal e paciencioso de compor. No primeiro disco não havia nenhuma música de sua autoria. No segundo, apenas uma. Foi só a partir do terceiro que Renato começou a compor mais. Mas se houver um método Borghettiano de compor, pode ser resumido em duas palavras: rápido e de improviso.
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