Universitário de Santarém troca livros por poesia!
26.9.15
Universitário percorre ruas da cidade com carrinho cheio de livros (Foto: Arquivo Pessoal/Ericson Aires)
Matéria retirada do site G1.
O universitário Ericson Aires, de 27 anos, está divulgando a literatura de um jeito diferente: para descobrir novos escritores em Santarém e região oeste do Pará, o jovem, acadêmico de geografia na UFOPA, há um mês percorre as ruas da cidade incentivando a leitura.
Um livro por uma poesia.
Para democratizar a leitura e disponibilizar os livros para toda a população, ele utiliza um carrinho, fabricado especialmente para transportar os livros, chamado de “Caboclo Leitor”. Atualmente ele tem um acervo de 400 obras, entre elas, livros do historiador Padre Sidney Canto e da escritora de Alenquer professora Áurea Nina Monteiro.
De acordo com Aires, funciona assim: as obras também são vendidas por até R$ 10, mas quem não tem condições de pagar, pode dar ou recitar uma poesia autoral ou de algum escritor da região. Até agora, o universitário já recebeu oito poesias, que serão reunidas e farão parte de um livro.
Para chegar aos locais, o carrinho precisa ser empurrado, para isso o universitário conta com a ajuda do amigo acadêmico de antropologia, Pedro Jorge. “A gente passeia, conversa com as pessoas, apresentando o projeto. Nós não temos um ponto fixo, circulamos pela cidade, a fim de levar livros para a população”.
Todo mundo lê e todo mundo escreve, mas a questão é como criar espaço para que essas pessoas possam divulgar o seu trabalho. O Caboclo foi a plataforma que a gente encontrou para que esses escritores anônimos, possam mostrar a sua arte"
- Ericson Aires, universitário
Onde o “Caboclo Leitor” para, chama atenção. Os primeiros pontos visitados foram na área central da cidade, mas a ideia é levar o acesso aos livros para todas as áreas de Santarém. “O Caboclo Leitor, é o grito do Tapajós! É uma tecnologia social que se propõe a fazer com que o livro chegue cada vez mais perto das pessoas. Então a gente criou uma estrutura móvel, que possa levar o livro as pessoas, mas não apenas levar os livros as pessoas, fazer um questionamento de qual é a cidade que a gente quer. Se a gente tem um carro cheio de livros pela cidade, estamos botando em pauta assuntos. Queremos uma cidade cheia de livros, onde os livros possam circular, possam estar perto das pessoas”, enfatiza Aires.
Sebo Porão Cultural
O projeto é uma extensão do Sebo Porão Cultural - espaço localizado na Travessa 24 de Outubro, bairro Aldeia, que é utilizado para a venda livros, CDs e Vinis usados. O lugar, ainda pouco conhecido pelos santarenos, mas bastante frequentado por universitários foi aberto em junho de 2014 e já conta com um acervo de 5 mil obras de vários gêneros literários.
(Foto: Letícia Vilhena/G1) |
O Porão também é uma iniciativa de Ericson Aires. Nascido em Igarapé-mirim, aos 19 anos ele se mudou para a capital Belém. O Porão nasceu justamente para tentar contribuir com a democratização de acesso ao livro no Pará. "Quando a gente fala em Pará, a gente fala em uma região que tem os piores índices de leitura do Brasil. Quando a gente adentra o Pará e vai olhar para suas sub-regiões, a gente tem uma região chamada Tapajós, que tem os piores índices de IDH [Índice de Desenvolvimento Humano] do Pará. Então, ter o Porão Cultural numa região com essa circunstância, sem sombra de dúvidas pra gente é um avanço e um desafio muito grande. O porão veio para fazer parte de um sonho maior que é tentar contribuir com a democratização do próprio conhecimento na região”, destaca Aires.
Roda-livro
Além do Caboclo Leitor, O Sebo Porão Cultural tem em atividade o projeto Roda-Livro que consiste em disponibilizar um espaço, onde as pessoas podem emprestar livros e deixar os seus no lugar, fazendo as obras terem um alcance maior de leitores. Atualmente este projeto tem pontos no Mercadão 200, na Feira do Pescador, na Floresta Nacional do Tapajós, na Comunidade Caranazal e na própria sede do Porão.
Serviço
Sebo Porão Cultural
Local: Travessa 24 de outubro, 1330, próximo a Praça Tiradentes, bairro Aldeia
Horário de funcionamento: 14h às 18h
Carrinho conta com cerca de 400 livros (Foto: Arquivo Pessoal/Ericson Aires)
A prova de que o mundo ainda não está perdido!
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